Custódia anos de 1935 a 1945

por
José Carneiro (in memorian)
Recife-PE
Julho/2012

Traços e Retraços, com uma ideia de interesse comum, pois cuida de Custódia de antigamente, objetivando entrar na sua história, retratando pessoas, rememorando fatos e repisando casos.

Tudo em torno dos anos de 1935 a 1945, a década mais próspera de Custódia, como se verá, considerada a era de ouro. Nela eu vivi nesse período e posso relembrar muitas passagens daqueles tempos ditosos. Venho de muitas luas, vi muitas ruas e tenho muita coisa para contar sobre a nossa terra e sua gente. Basta dizer, por enquanto, que, entre outros feitos, vivi os quinze anos da ditadura implantada no Brasil pelo caudilho dos pampas, Getúlio Vargas, de 1937 a 1945; acompanhei do princípio ao fim a Segunda Guerra mundial, chefiada pelo sanguinário nazista Adolf Hitler, de 1935 a 1945; senti os tormentos do famigerado cangaço de Virgulino Ferreira, Lampião, entre 1935 a 1938; presenciei o movimento integralista dos camisas verdes, comandado por Plínio Salgado. 

Enfim, vivi um tempo em que, na nossa terra, entre outros préstimos, não havia energia elétrica, rádio, televisão, telefone, fogão a gás, geladeira... De estudo, apenas o curso primário, assim mesmo em escolas isoladas. 

Divertimento, afora os bilhares, só nos três principais acontecimentos do ano, Carnaval, Festa de São José e Natal. Os bailes no Bar Fênix, eram o que mais alegravam a moçada, pois tínhamos a sorte de ter um nos braços do outro, entrelaçados, sentindo o corpo no corpo e os batidos do coração. Como era bom e gostoso! Para o bom entendedor meia palavra basta. 

Mas, para contrabalançar, eram os bons tempos do romantismo, onde tudo respirava paz e harmonia. A poesia reinava e ai de quem não soubesse ou declamasse Meus Oito Anos de Casimiro de Abreu; Duas Almas, de Alceu Wamosy; As Pombas, de Raimundo Correia; As Velhas Árvores, de Olavo Bilac, o príncipe dos poetas brasileiros; Visita à Casa Paterna, de Luís Guimarães Júnior; Contraste, do Pe. Antônio Thomaz; Navio Negreiros , de Castro Alves, o maior poeta do Brasil. E, na prosa, A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo; Inocência, de Visconde de Taunay; Iracema, de José de Alencar; os romances e contos de Machado de Assis, o maior escritor do país. 

No mundo sentimental, as serenatas ao clarão da lua cheia, eram o encantamento dos rapazes apaixonados e o doce enleio das moças sonhadoras.

Com efeito, era um mundo completamente diferente dos tempos de agora. Mas, apesar dos pesares, vivia-se bem e satisfeito. Mesmo por que não se sente falta daquilo que não se tem. Se assim não fosse ninguém vivia bem. 

Eu só posso ser feliz se me contentar com o que sou e com o que tenho. 

Assim é a vida e o mundo em que vivemos. 

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